sábado, 5 de dezembro de 2009

Pagu.

Fantasma que me assombra quase todos os dias. E, o pior, vem quase sempre de pessoas que eu adoro, me impedindo da grosseria maior que vem com toda a força, todas as vezes que ouço alguma besteira.

Hoje nos tivemos a entrega dos presentes pros amigos latinos. Foi lindo. Meu "amigo latino" foi o Emilian, que é da Polonia mas que tem sangue iberico e participa das aulas de espanhol - motivo pelo qual foi adotado por nos. Eu decidi cozinhar uns doces  brasileiros, esses que tem em toda festa de criança e que ja fazem um relativo sucesso aqui no colegio, uma vez que os gringos adoram "coconut stuff".
O Pablo tinha me tirado e me deu um presente lindo, lindo. Tres passaros de origame, em papeis onde tinhamescritas as musicas do Chico Buarque (que ele sabe que eu amo), em espanhol! Prometi que vou tentar aprender a cantar em espanhol.

Depois da entrega dos presentes nos decidimos conversar pra decidir determinadas coisas que vamos fazer na Semana Latina, que sera em março do ano que vem. Falamos de uma telenovela, dessas bem tipicas latino-americanas, com mocinho, mocinha, vila empurrando alguem da escada e a classica cena do "Eu sou teu pai".

Entaoc omeçamos a escrever um roteiro pra telenovela e a encaixar os personagens secundarios. Quando surgiu a presença da amiga da mocinha que é bailarina num bar, eu e a Marcela, a outra brasileira que esta aqui comigo, escutamos algo como "Uma das brasileiras tem que ser a dançarina". A Marcela, na sua simpatia, riu e perguntou "Por que a gente tem de ser a dançarina?" Mas eu, como ja sabia a resposta, fiquei MUITO puta de ouvir aquilo, principalmente de um outro latino.

Minha expressao que estava risonha antes pela diversao que era de escrever a novela, se fechou completamente, eu olhei pro dito cujo e disse "No." Todo mundo se calou e eu repeti "No. Definitivamente nao." Ele ficou completamente sem graça e eu agora até fico um pouco chateada por ter causado isso, mas eu odeio (odeio muito) esse tipo de coisa.

Que me peçam pra ser a mocinha, a vila que empurra alguem da escada, a arvore do cenario. Mas esse esteriotipo babaca ficou muito claro quando foi dito que "uma das brasileiras tem de ser a dançarina do cabaré". Como se uma brasileira so tivesse funçoes promiscuas e vulgares, como se uma brasileira nao pudesse usar o intelecto ou nada diferente do corpo. Como se toda brasileira fosse bunda.

Entao ele perguntou "Mas por que?" E a Ayelen, da Argentina, me fez o favor de responder que eu nao queria alimentar a nenhum esteriotipo, o que foi uma resposa bem menos agressiva do que a minha seria.

Depois disso eu e a Marcela decidimos que nossa parte brasileira no show latino vai ser algo LINDO, e que vai quebrar os esteriotipos (ou pelo menos tentar) que foram formados ha tanto tempo atras. A gente quer mostrar o tanto de coisa bonita que a gente tem e que nao se resume a futebol, praia, samba e corpo.

Eu lembro que, uma vez, ainda no Brasil, me perguntaram por que é que esse esteriotipo da mulher brasileira relacionada a sexo e o homem brasileiro relacionado ao futebol havia sido criado. Eu pensei por alguns minutos e depois tudo o que eu podia responder é que nao sabia. Hoje eu sei. E é mais um motivo pra que eu, tao longe no tempo, ainda odeie a ditadura.



Aceito ideias criativas pra o que posso fazer sobre o Brasil na semana latina. :D

Um comentário:

  1. Inspiraste-me para voltar a escrever no meu Blog,basta aguardar os primeiros dias de janeiro vou adiantar o titulo (la feme)

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