quarta-feira, 26 de maio de 2010

Quem quer sair da bolha?

"God, I'll miss you a lot..."
"You know I'll miss you, dont ya?"
"Yeah."
"I'll miss you... more than you imagine I will."

Não quero ir embora. E mesmo que me digam que eu vou voltar depois do verão (ou inverno pro hemisfério sul), e mesmo que eu saiba disso também, nada me faz querer ir embora de Duino agora, ou deixar de pensar que nunca mais vou ver a Duino que eu conheci esse ano. Porque quando eu voltar Duino vai ser outra. Vai ser Duino sem Dylan, sem Aye, sem Anita, sem Anna, sem Arnóia, sem o Serginho, sem o Giovanni, sem Mirko, sem Nienke, sem Anabel, sem Alma, sem Dorka, sem Joyce, sem Hemayat, sem Habib (and the lame jokes), sem Ben, sem Tomas, sem Celestina, sem tanta gente.

A quota de lágrimas podia expirar hoje. Daí amanhã, quando eu entrar no ônibus e ele ficar aqui, ainda me destrua do jeito que sei que vai, as aparências de um não-desastre serão respeitadas.

Fins são consideravelmente assustadores. Quando se olha para o céu de Duino a gente quase vê a crosta da bolha que nos envolve, de tão azul que é o nosso céu, de tão brilhante que é nossa lua iluminando o mar que mais parece uma piscina.

A verdade é que, enquanto nós, first years, não queremos viver sem pessoas tão especiais quanto os nossos secondos, os últimos não só sentem por se despedir de duas gerações de uma só vez, mas também têm medo do que vem quando deixarem a bolha. Solidão, ineficiência, incerteza.

Duino é um paraíso.

sábado, 15 de maio de 2010

AAAAAAHHH!

Toda vez que penso em postar qualquer coisa aqui no blog, tudo o que consigo pensar em escrever é sobre o quanto estou adorando Duino agora e o quanto quero ficar aqui mais tempo com as pessoas que eu adoro.

E bom, é claro que eu vou voltar em setembro, e que vou conhecer meus primeiros anos, que eu já tanto amo (todos eles, sejam brasileiros ou não). E é também verdade que nos meus primeiros 3 meses todas as minhas opiniões sobre oc olégio eram terríveis e critícas.

Críticas ainda são, mas talvez porque eu agora conheça o lugar aonde estou e como as coisas funcionam por aqui, minhas idéias sobre o colégio são muito mais positivas. Lembro que nos meus primeiros meses eu não tinha muito tempo pra pensar porque tudo era muito intenso, lembro que eu estava decepcionada com o nosso headmaster, e com a forma como a relação entre alunos e professores acontecia aqui.

Ainda acho que tudo isso tem de melhorar - e vai - mas agora os momentos que eu passo com as pessoas quese tornaram minhas amigas são muito mais fortes. A verdade é que, se o segundo semestre de UWC foi util pra algo, esse alo foi o fortalecimento de amizades que eu não imaginava que pudessem ser tão próximas.

Eu amo Duino, amo minhas roomas do ano que vem, amo andar pela floresta, descobrir praias secretas, amo o gramado do fore lawn, amo as conversas que tenho com as pessoas aqui.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

You didnt leave yet.

Ontem eu estava conversando com o Dylan até as 4 (ou mais) no dayroom da Scholtz, como de costume. E ele pensa tanto em tudo, sobre tudo.

E ele me disse que se arrepende de não ter feito determinadas coisas, e que não sabia como seria passar um ano no Chile por conta própria, e que ter que construir uma vida nova a cada vez que a gente deixa um lugar é difícil.

E de fato, é. Mas eu tive de lembrá-lo de que ele ainda não foi embora, e que nós ainda temos uma semana e alguns dias. É TÃO POUCO. É tão pouco pra Duino, e pra mim. A cada dia minha certeza de que eu amo esse lugar, o colégio e as pessoas que estão aqui só aumenta, e a cada vez que alguem me lembra dos dias que faltam pra que eu volte pra casa, por mais que eu ame tudo o que está lá, o que eu penso é que eu não quero voltar. Quero ficar aqui, quero passar tardes como as que passei hoje, sentada na varanda da mensa, no sol, com o mar na frente, nuvens refletidas no mesmo, uma voz falando comigo. Quero passar noites em claro como já fiz tanto, quero ir nadar no Porto por uma quantidade infinita de vezes.

E, mais que tudo, não quero que pessoas lindas deixem o colégio. Quero MUITO receber meus primos, todos eles. Os brasileiros, europeus, africanos, asiaticos, quem sejam, já os amo todos. Mas amo muito a Ayelen da Argentina, minha seconda que foi mais importante do que ela pode imaginar. Não quero que a Anita do Zimbábue e a Anabel do México vão embora e eu não tenha mais o quarto delas pra visitar. Não quero que o Hemayat de Bangladesh me deixe sem os abraços maravilhosos e o Habib do Líbano me deixe sem as piadas terríveis que ele conta. O Sergio da Bolívia, a Alma da Eslovênia e até a minhas roomates da Bósnia e România, que me provocaram tanta tristeza e risadas no mesmo ano vão fazer falta (é bom rir da superficialidade da Ajla, só de vez em quando, e surtar com a bipolaridade da Celestina). E não quero que o Dylan vá embora, também, apesar d'eu saber que ele vai ter um futuro invejável.

É só muito estranho o fato de que eu só tive um ano com pessoas que eu amo TANTO e que muitos deles não vou ver mais.

Duino hoje estava linda, linda, linda, e da varanda, quando eu olhei pro mar na direção do Brasil, como faço sempre, me senti mais pertencente a Duino, mais do que nunca.


"Ive lived for so many years going to parties and watching people dancing. And I would always want to do so, but I would be too silly to do so. I would always say to myself that in the next song I would stand up, but the next song would be bad, and so would be the next one... One day I stopped watching people dancing and nw a good song is playing everywhere I go. Right now, for instance..."

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A tribute for Mr. Bauld.



"Do you know what's crap, guys?"
"LOL Of course, heh"
Prashamt: "Oh yes! Its this animal that lives in bottom of the sea!"



Julian Bauld, o melhor professor desse ano, que não nos limitou a vocabulário e decidiu que a gente devi escrever um pouco mais, e que fez a gente conhecer tanto de literatura na língua inglesa. E ainda tem um senso de humor incrível. Mas depende...

sábado, 1 de maio de 2010

Nada brilhante. O progresso, porém...

No UWC day, um dia que nós tivemos aqui no colégio e quando aconteceram uma série de worksops discutindo o nossocolégio e tudo mais, eu participei de uma discussão sobre o IB Learner Profile. Desse documento, nós escrevemos um manifesto, dizendo, bem claramente, o que esperávamos do IB e o que entendíamos por eucação. Bem idealista.

Falando assim pode parecer que eu sou uma pessoa que adora escrever documentos, manifestos e derivados. Wannabe revolutionary. Olha, talvez, é. Eu gosto de falar quando algo não me agrada. E quando não se pode falar, a gente escreve.

Porém, o tal manifesto do qual estou falando aqui foi organizado por dois funcionários que eu adoro, o Alberto e a Valentina. Tal manifesto foi apresentado no ultimo dia 29, numa conferencia em Trieste sobre educação na região do Adriático.

Um bando de alunos daqui do colégio foram a reunião, incluindo a minha pessoa. Nós deveríamos falar, na frente de todas as pessoas lá presentes, apresentado cada  um, um tópico do manifesto.

Que se deixe claro que eu aqui escrevo não pra falar sobre o manifesto em si, porque sobre essas coisas eu já estou cansada de escrever e de conversar, sinceramente. Mas esse post eu senti vontade de escrever pra falar do discurso que eu tive de fazer na tal conferência, o discurso que eu fiz em inglês.

Foi a primeira vez que eu tive de falar na frente de tantas pessoas, em inglês. E, bom, quem já leu os posts do início do ano letivo bem sabe que eu era um lixo falando em inglês.

O negócio é que, quando eu aceitei ir à conferência, nem sabia que tinha de fazer um discurso, pensei que fosse só assistir. Na noite anterior ao tal evento, fiquei sabendo do discurso e lembro de ter escrito o mesmo meia hora antes de sair da minha residencia pra pegar o onibus do colegio e ir a Trieste, onde tudo aconteceria.

"Tudo" aconteceu num hotel em trieste, do tipo que a gente aqui classificaria "posh". Tivemos de usar roupas formais, falar formalmente e ficar entediadíssimos, claro.

Em certo ponto chamaram meu nome, eu me levantei, bateram palmas. Eu não sei POR QUE as pessoas bateram palmas quando eu me levantei. Ninguém ali me conhecia. Eu poderia ser a pior pessoa do mundo, mas eles iriam ainda bater palmas. Detesto essas coisas feitas só por educação.

De qualquer forma, eu me sentei na tal cadeira, coloquei o microfone da mesa mais pra perto de mim e comecei a falar. O papel com o discurso estava na minha mão, mas eu não li coisa alguma. Meu discurso não foi dos mais formais do mundo, porque eu simplesmente senti que TINHA de falar de forma que fosse natural e que expressasse minhas idéias de verdade - E que não fizesse as pessoas dormirem.

Falei tudo, expliquei, dei exemplos. Quando eu terminei alguém, numa das primeiras filas, disse algo como "brilhante" enquanto batia palmas. Eu procurei com os olhos quem o havia dito, mas a palavra já se tinha ido. O que eu disse não era brilhante. Mas só o fato de ouvi-lo me fez imensamente feliz, pelo fato de que tinha sido meu primeiro discurso em inglês. Sem gaguejar. Sem querer expressar uma idéia sem conseguir.

Eu queria que meu professor de inglês (aquele, que eu detestava no início do ano) estivesse lá e tivesse me visto. É só que eu fico feliz quando vejo o quanto progredi aqui, o quanto minhas perspectivas mudaram, minhas atitudes mudaram, e o quanto aprendi. Escrevi aqui porque queria só dividir o quanto feliz me faz ver que agora eu posso escrever histórias em duas línguas, que, quando temos de escrever redações e depois lê-las pra classe inteira, toda  a minha turma presta atenção quando leio o que escrevi, e depois as comentam, mesmo que muito tempo depois, porque não as esquecem.

Adeus frustração falada e escrita.

"What did you do there?"

It is in moments like these that we all need, irrespectively from our age, the reassurance about the meaning of our actions and I am sure that, despite the natural hesitation and uncertainties of the moment, you would all feel comforted by the fact that in the choice between silence and speaking you chose the latter. I am sure that you would have felt much worse if you had remained silent. One day, far in the future, you would reflect about the meaning of having come to our college in Duino. Maybe your children would ask, “What did you do there?” Your answer should be “I did so many things, much of them so worthwhile and when we saw a way to make the place better, we did not remain silent.” This is valid for your family, for your friends, for your country.



Tenso, tenso, tenso. Lembro que desde o convivio de seleção pra UWC, percebi que, caso fosse aprovada, teria muitos momentos tensos - E intensos. Vi tambem que sobreviveria a todos eles.

Porque às vezes a gente tem de ser narrativa.

Na ultima quinta feira os alunos do Adriático receberam um email assinado por um grupo de segundos anos, chamando um encontro de alunos no Social Center, porque, não era de hoje, todos sabem que existe muito sentimento de descontentamento, dos alunos com relação à administração. E é verdade. Nosso diretor expondo uma opinião em frente aos alunos e outra completamente diferente diante dos professores, professores tomando atitudes que veramente desrespeitam os princípios do colégio, e por aí vai.

Pois bem. Nos encontramos, discutimos por horas. O resultado foi um documento de dezoito páginas, com muito eufemismo, explicando por que os alunos acreditavam que a comunicação entre estudantes e administração não estava funcionando bem, e basicamente dizendo que encontrar um professor bêbado as 3 da manhã, cantando alto e acordando os Duineses não era a melhor coisa a se fazer pra ajudar a imagem do colégio.

Lembro que na noite em que nós tivemos o encontro eu fiquei extremamente chateada e fui pra Ples conversar com os meninos de lá, porque no fim eles sempre têm uns bons conselhos a dar. Discutimos muito, e eu expliquei que um dos meus maiores medos em escrever o documento era a reação que ele causaria nos professores - que, até onde eu conheço as coisas aqui, não seria boa, definitivamente.

Pois bem. Passa-se que meu medo da reação não era simplesment pelo grupo, mas por mim, também. Porque eu tinha um "caso" pra contar e que seria posto no documento. Era bem relevante, o que eu tinha a dizer, e eu tinha certeza de que seria algo que precisávamos melhorar aqui no colégio. Era absurda a falta de profissionalismo de alguns professores.

No fim, eu não sei se foram os meninos da Ples quem me ajudaram a enxergar, ou se eu quem enxerguei sozinha. Mas eu vi que eu não vim pra cá à toa. E, no futuro, quando alguém me perguntasse o que é que eu fiz aqui, eu poderia dizer que tive muita diversão, que estudei muito e que fiz amigos maravilhosos, e que nós, juntos, quando vimos que tínhamos de fazer algo para provocar mudança, entre calar-se e falar, escolhemos a última opção.

Depois que o documento foi apresentado alguns professores gritaram com a gente numa indignação sem tamanho. Gritaram com a gente na mensa. Depois que o documento foi apresentado duas professoras decidiram que não iriam às suas classes por dois dias, numa demonstração sem tamanho de infantilidade e falta de amor pela própria profissão.

Depois que o documento foi apresentado a Helen, a professora sobre quem escrevi o "caso", veio falar comigo e nós nos entendemos de forma adulta. Eu expliquei a ela que achei que o documento seria a forma mais eficaz de expressar e explicar o ocorrido porque eu não me sentia confortável conversando com ela diretamente, porque ela não parecia realmente dialogar, mas monologar. Porque não achava que, s e eu fosse conversar com alguém dobre o ocorrido, coisa alguma fosse mudar - Eu já tive experiencias suficiente de coisas do tipo.

Ao fim, eu sei que fiz a coisa certa. Se eu não houvesse assinado o documento, se não houvesse ajudado a escrevê-lo, ficaria com o sentimento de que dei pra trás no momento em que meus colegas e eu mesma precisava de mim, sentiria que dali pra frente, toda vez que eu reclamasse sobre qualquer evento, não seria uma reclamação com fundamentos, uma vez que, quando tive a oportunidade de mudar as coisas, preferi me preocupar mais com as minhas predicted grades.

Ao fim o Manuel, um professor de economia que não dá mais aulas aqui, mas que veio conversar com a gente algumas vezes, respondeu um email bem chateado que eu mandei a ele, e me confortou de forma que ele não poderia imaginar.